O mundo é um moinho...


Quando alguém que não é mais tão próximo te liga nessa era de mensagens instantâneas é sempre tenso...
O aplicativo avisa "Preferia que não fosse por mensagem", é notícia ruim com certeza...

Assim eu soube do desencarne do Old Mitchell...

Metade da minha vida ele esteve do meu lado...
Nem sempre tão perto, como nos últimos anos, mas conectados através do mesmo aplicativo que agora me informava que ele não responderia mais.
Tantos anos tão perto... Betim, Ibirité, Contagem, Belo Horizonte, Rio, SP, Santo André, Mauá, Ourinhos, Marília... Sempre pronto pra mandar uma "real" e claro umas "irreais" daquele mundo anglo-saxônico que complicava conviver por aqui...

Sempre deixou bem claro que o "Brasil não é para principiantes", então é bom ficar ligado...
Aos poucos vamos nos dando conta que é por nossa conta e risco resolver as coisas...

Foram ensinamentos demais... E assim mais um tutor que ajudou na formação do meu caráter se foi...
Em pleno dia dos finados... A cara dele fazer uma dessas na hora de partir...

Certeza que diria "na hora que rezar pros mortos já lembra de mim logo"... Old Mitchell não era fácil...

"...Escute bem amor, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a pó..." cantou ele naquela sala do cliente de forma tão pura e próxima de todos que estavam ali, que mesmo 10 anos depois é a lembrança mais viva que tenho na mente...

No coração é outra...


Paulo César Garro
Terças nem sempre insanas... Nem sempre nas terças...



Servindo-se das Letras


Um prato vazio na mesa de jantar
A fome de algo ausente
O copo meio cheio trincado
A luz da vela a bruxulear

Cadê você banquete do alfabeto?

Na mesa posta, um prato vazio
Ausente o jantar a fome de algo
Meio cheio da vela a bruxulear

Cadê a luz, um copo eu preciso tomar!

Servindo-se de Letras
Servindo-se de Dor
Servindo de nada

Segue um prato vazio na mesa de jantar

Rafael Bueno – 21/12/2015

Mais Uma Vez.

Mais uma vez a realidade parece me atormentar,
porque esse tempo todo seguia ela como uma fantasia
uma brincadeira a espreita do susto.

O susto veio e junto o panico e o sentimento de abandono,
abandono não da previdência divina, essa segue sempre conosco
o abandono é a minha própria vigilância não exercida
essa confiança vaga de que as coisas não acontecem a falta de prevenção

Mais uma vez terei de recomeçar, esse recomeço me assombra
nesta existência é só mais uma vez, mais um tempo
Vou seguir agora um pouco desmilinguido e um tanto frustrado.

Notas reencarnatórias

É só porque ainda me movimento com dificuldade
dentro das pantanosas inferioridades que habitam minha alma
são milênios atados a dor e ao orgulho, sombras que cobrem minha existência de chagas
como caminhar rumo aos céus se da terra que materialmente me nutro
desvencilhar do egoismo, das notas de maledicência que ainda insistem em pingar do meu coração

É só porque sua misericórdia alcança a todos sem cessar
dentro das pantanosas inferioridades posso vislumbrar a luz do teu olhar compassivo
são milênios de cegueira que opacamente minha limitada visão material acessa
caminho rumo ao incio das letras vivas do teu exemplo, mas ainda atado ao pensamento vicioso.
desvencilhar das torpezas de minhas sucessivas existências, me apequenar diante do meu eu e me ver realmente como sou

É só porque me vejo verme que a esperança toca meu viver.


Rafael Bueno - 07/10/2014

Hoje resolvi tomar uma... A sequencia de partidas em espaço curto de tempo é pra parar e pensar...

No meio de tanta correria, tanta coisa por fazer que sobra pouco tempo para celebrar a nova fase das pessoas que admiramos mesmo que ela se afaste, ou não...
Rubem Alves se foi...

Talvez o autor que eu mais li nessa vida... Tanto em quantidade, mas principalmente em qualidade...

Me contou da escola que eu sempre sonhei, sem imaginar que eu pudesse imaginar que pudesse existir... Era ideologia demais... era o que eu precisava para me convencer que, com algumas coisas fantasiosas ou não, a educação é a direção certa a seguir, mas o caminho a ser percorrido é o do amor...

Nas estórias para quem gosta de ensinar falou das escolas como asas, e não do ensino engaiolado que temos que reproduzir no dia a dia...

A mistura de Educação, amor e fé, ele soube como poucos conciliar... Em um amor que acende a lua, poemas e frases que descambaram para esse meu caso de amor com a vida... Me apresentou T. S. Elliot o dono da frase que tantas vezes me fez sorrir, sonhar e suportar...

Perguntaram-me se acredito em Deus, e ele me contou que Deus ri... Antes de pensar em qualquer questão religiosa é preciso acreditar que Deus é bom, justo e não faz as coisas por obrigação, faz por amor e se sente feliz com isso... Aquele Deus vingativo e perseguidor do velho testamento, mal interpretado na maioria das vezes, não fala por mim.

Falou sobre a vida e a morte, sobre a alegria e sobre sonhar, mas falou principalmente do amor, que se deve ter pela vida, que se deve ter na hora da morte, o quanto alegre nos faz um amor e mais um sonho que deve começar...

Paulo César Garro
Terças nem sempre insanas... Tirando umas teias...

Trajetória

Surrupiaram meus sonhos e sigo sem ao menos um pesadelo que me assuste.
Como prosseguir, sem medos e sem desejos quiméricos
Surrupiaram um tempo em que meu coração se enchia de nostalgia...
Do que não vivi
Do que não comi
Do que não senti
Das coisas que nem lembro e que estão na minha lembrança
Que meu coração resgate os fragmentos dessas memorias tão abençoadas
Juntando cada pedaço, cada trapo destes tempos já rotos e amarrotados
Quem sabe assim como uma organizada solitária que já não pensa mais em vencer
como uma antítese das pessoas que vencem na vida sempre
como uma forma de paganismo frente ao clero e a necessidade de oração
como um paradoxo de toda essa certeza e de toda essas responsabilidades
Eu possa forma a bandeira daquilo que insiste em se fazer em mim...
Como conseguir romper com laços e correntes que arrasto por toda essa sucessão na carne
sublimar a minha essência e servi como o ultimo de todos
servir com paciência e resignação como o imolado da cruz
suportar cada pancada de chuva e vento e suportar o peso de tudo como o alicerce paciente
Sem lagrimas e lamentações
Ser forte nas lutas internas que travamos
Ainda cairei nessa via tão dolorosa da terra
Ainda errarei tentando acertar naquilo que minha fé ajudar
Sabendo que sempre existe a luz para nos indicar o rumo
a bussola moral com que hoje tenho tido contato
Precisarei ainda de tempo, do qual não gozo
e Rogarei sem demora a misericórdia do Pai e quem sabe
um dia
daqui a milhares de anos
essa luz bendita não emane da minha própria alma
Porque hoje caminho ainda palmilhando antigos caminhos viciados..


Rafael Bueno - Contando as Geografias da Alma - 27/06/2014

Intemperismo

Intemperismo é a causa desse carreamento de emoções que se esvaem
Porque com a erosão do tempo tudo é acumulado no último suspiro, falta o ar
Vento, água são aspectos causadores de toda essa lixiviação, esculpida dor no meu peito
Não só os elementos são agentes de Intemperismo, quantos olhares me arrastam, me fazem pó

Não quero saber de ondas, não quero sentir esse gosto salgado e luxuriante

Intemerismo, escorregamentos das encostas mais firmes de minhas convicções
Porque insistem em minerar as riquezas, minam minhas forças e surrupiam meus sonhos
Abruptamente já não são erguidas certas certezas no meu coração
Ravinas se forma e culminaram em voçorocas, abismos sem fim e esses olhos que me arrastam

Rafael Bueno - Contando Geografias - 11-06-2014

NãoLugares

Vivo pensando em não lugares
Sigo vivendo em lugares nenhum
Trabalho, construo e edifico nãolugares
Chego mesmo é no lugar Comum, de todos nós.

Rafa Bueno - Contando as Geografias do Pensamento - 19/02/2014

Geografias pós modernas.....

Revisitarei o passado e lanço o olhar sobre o futuro
Cheio de mim, vazio do eu, um saco sem fundo nessas emoções que me tangenciam
Um lugar...apenas isso te peço, rogando dia apos dia essa oração sem fé

Reorganizarei o pensamento e tentarei ser algo novo e inusitado
Vazio de dogmas, cheio de dúvidas, um poço raso de carências que consomem o tempo
A paisagem...apenas ela faz sentido, dinâmica geográfica da minha existência atípica

Chamarei por você e não me ouvirá
Grito de voz rouca, inútil a turbidez da sua audição me desespera
O espaço...vital como em Ratzel...não vazio como nossas vidas.


Rafael Bueno- Contando as Geografias da Alma - 19/02/2014

Sei muito das trevas...

Quanta luz existe em mim?
sei muito das trevas e das melancolias que me povoam
mas busco cada dia clarear mais meu intimo.

Qual a reforma que ainda está por realizar?
materialmente ainda me prendo a velhos hábitos milenares
Palestina, Roma, Idade Média e o tempo de agora
todas essas vezes eu voltei.

Quanta luz existe em mim?


Rafael Bueno - Contando as geografias das múltiplas existências da minha Alma. 10-02-2014