
Nessas andanças da vida, a gente ouve e ri de muita coisa. Coisas que, realmente, são feitas para serem ouvidas e gargalhadas. Como o que narro a seguir:
Em uma cidadezinha do interior sulista de Minas Gerais, havia uma funerária cujo motorista era festeiro ao extremo. Tanto que foi justamente numa festa que ele conheceu Lelê, que logo virou amigona do peito.
Com o tempo passando aumenta-se a intimidade, pois o motorista festeiro da funerária chegava à casa de Lelê com o porta-malas entupido de cerveja pronto pra começar uma nova farra. Bastavam alguns telefonemas e uma nova reunião começava.
Lelê tinha um vizinho já idoso que, num dia belíssimo de sol escaldante e céu límpido, morreu de causas naturais. O corpo do velho estava no hospital da cidade para completar os dados dos obituários burocráticos. E a família do morto choramingava e esperava para que desse início ao ritual do velório.
Só que ninguém avisou ao motorista festeiro da funerária. Aliás, ninguém nem se tocou que era o motorista festeiro da funerária que chegava no carro fúnebre e estacionava o veículo quase à porta da casa do recém-finado. Todos se aglomeraram em volta do carro fazendo aquele tipo que mineiro costuma fazer: olha de ombros mas prestando uma atenção danada. Obviamente, esperando o caixão. Foi quando o motorista festeiro da funerária abre o bagageiro e grita:
- Lelê, me ajuda com essa caixa de cerveja aqui!
Seria engraçado se não fosse trágico. Lelê ficou vermelha de vergonha, sua mãe queria matar o motorista, o pessoal da rua ria intensamente por dentro e a família do defunto contemporizava:
- Não tem problema, Dos Anjos (a mãe de Lelê). Meu pai adorava uma farra. Deixa eles beberem em paz.
E assim entraram pra dentro da casa sobre uma nuvem de interrogações que foi dissipada em minutos, já que melhor mesmo era beber o defunto.
Danilo Meiras
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