
Lembro-me de uma situação pela qual eu passei.
Foi num jogo de futebol amador. Era um campeonato da escola de futebol do meu bairro.
Iríamos enfrentar o time mais forte da competição e, para a nossa sorte, o adversário estava com quatro jogadores a menos.
Isso! Quatro jogadores a menos. Trocando por miúdos, isso quer dizer suicídio em se tratar de um futebol de campo.
O nosso time com onze era, claramente, franco favorito.
Mas, impressionantemente, o time adversário se empolgou, derepente, quando a nossa squadra entrou em campo.
O nosso time não tinha uniforme e nem chuteiras adequadas, o contrário do time que iríamos enfrentar.
Nossos jogadores não tinham porte de jogador, para intimidar, para colocar medo no adversário.
Isso fez surgir um comentário do lado de lá:
"A gente não perde pra eles nem com quatro jogadores a menos."
E não perderam.
Aliás, ganharam de quatro a zero. Parece que para satirizar. Um gol para cada jogador que eles não tinham.
Na altura tínhamos de 14 a 16 anos.
Aprendemos na pele que o futebol é cruel, para os fortes, é selvagem, intimidador, sarcástico e nada humilde.
Falei disso tudo para exemplificar o 10 x 0 que o Santos fez no Naviraiense, de Mato Grosso do Sul.
Nossa falta de uniforme e a ausência de chuteiras adequadas combinam com a falta de estrutura que a equipe que enfrentou o Santos passa.
O "porte de jogador", que o time do bairro não possuía, combina com a falta de expressão que os jogadores do mesmo time não possuem frente ao futebol nacional.
Enfim, não é porque os jogadores crescem e tornam-se "profissionais" que a falta de humildade desaparece do futebol.
Ela está plantada no campo desse esporte. O futebol é por natureza cruel e nada humilde.
E, ao ouvir um jogador santista dizendo, ao sair de campo, que "jogamos com humildade e respeitando a força do adversário" só me ajuda a concluir que o futebol também é cínico.
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M. Hoje é Segunda-Feira, segundas mornas intenções.
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