Ouça o que eu digo





"Leva guarda-chuva, viu?"


Que levar esse trem que nada!
Estava nublado, mas não estava com cara de chuva não.
O sol estava com aquela briga com as nuvens, querendo dar um drible de craque.
Cheguei no ponto de ônibus e a chuva começou. Na hora pensei que algo estava errado com a história de que "a chuva é minha amiga", mas acreditei que, como eu demoraria a chegar na Savassi, certamente a chuva já teria passado. Nada, ela piorou.
Precisava resolver logo aquelas burocracias de banco, e horário de banco é uma coisa ingrata. Tive que encarar a chuva.
Como eu achava que não iria chover, eu saí com o tênis mais velho que tenho. Parecia que eu estava descalço de tanta água que já estava nele logo ao sair do ônibus.
Fui descendo a Praça da Liberdade e a chuva foi piorando ainda mais. Até que, como se fosse combinado, apareceu na minha frente, e mais rápido que policiais de filmes estadunidenses, um vendedor de guarda-chuvas.
Ele viu a minha cara de espanto com o temporal que caía e já me abordou oferecendo um que custa 20 reais. Lógico que achei caro! Nem a minha calça, que já estava toda molhada, num valia essa grana! Olhei o menor, custava 15 reais.

"- 15? tudo isso?"
"- Pra você fica por 12, chefe."
"- Ah não..."
"- Tá! Se tiver 8 aí é seu!"
"- Tenho 5 reais!"
"- Beleza, é seu patrão!"


Era pra eu ficar lembrando, o resto do dia, da grana que eu gastei por não ter escutado meu pai dizendo: "leva guarda-chuva, viu?".
Mas o que me impressionou foi transformar algo que vale 15 em 5 reais em tão pouco tempo.

__________________________________________________________________________________



Miro Jones.
Hoje é segunda-feira, segundas mornas intenções.