João dos Navegantes

Nasci João, simplesmente nas brumas e nos ermos da Serra do Espinhaço nem sei como me criei, só sei que foi só. Fui me criando assim feito bicho no mato correndo e amando os riscos. Vivi até hoje em mais de cinquenta localidades no Estado das Alterosas, amei em todos eles e sofri também nesses tortuosos caminhos da minha jornada.

Não sou formado e tenho que render graças a Deus, pois essa falta toda de saberes formais me deixa mais livre, desgosto de definições sinto mesmo muita felicidade é nas indefinições, caminho retos não os sigo prefiro as encruzilhadas do caminho. Deslizo como vento e corro feito rio descendo os vales desse Estado sem fim.

Me disseram certa vez que sou contador, mero contador de geografias e isso sim pode ser verdade pois se tem algo que gosto de fazer é contar sobre o sobe e desce dessas serras e barulho sem fim dessas cachoeiras, os costumes e os "jeitos" tão simples dessas gentes. A certa altura de minha jornada recebi o sobrenome Navegantes, talvez devido a minha vocação de guia e de geografia, carrego em meu corpo a marca da Rosa essa dos ventos que sopram de Norte a Sul e de Leste para Oeste, me aventurando pelos mares de morros e rios de amores.

Já fui quilombola, capitão de guarda de reisado, sei que sou é andarilho de pó, carrego nas entranhas cada mineral de Minas, mas hoje sou simples poeta e apaixonado dessa terra que sobe e desce em cada curva das reais estradas de Minas.

João do Navegantes - 17/12/2012

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