Terno preto


E nos bares continuam as mesmas conversas.

Chegou o verão aqui, abaixo do Equador,
E acima da linha o frio do inverno, cortante como as leis dos homens.
Hoje dia 23 de dezembro de 2009,
Fui condenado a vestir um terno
E com uma navalha mal afiada desfiz a minha estranha barba.
O cabelo foi cortado,
Ficando parecido como quase todos “os homens de bens” desse mundo.
Que raiva de uma sociedade que mata de frio um pobre sem teto na Ucrânia.
Não culpe o vento que surgira naquela noite.
Ele, andarilho do norte, que dormia embaixo da luz das estrelas
Não percebia o que mudava.
Foi um vento diferente dos outros anos.
E em silêncio, como passou toda sua invisível vida,
Viu chegar a morte.
É o preço de não cortar o cabelo,
Fazer a barba e vestir um terno preto.

Meu filho, é que temos que ser algo nessa vida,
Ele foi apenas um número no noticiário.



Nil Karamázovi


Ps.:Felicidades ao grande amigo Paulo César. Tudo de bom nesse dia 23 de dezembro.

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