Em vida

Não vejo motivo para tanto estardalhaço!
Senhor Raimundo com suas rimas e acordes qualquer.
Tudo em vão.
Daqui a uns anos serei só pó e não terão nenhuma lembrança de mim,
Pode ser que se lembrem dos meus versos,
Mas aquilo que sou/fui não haverá nem uma verdade.
Sou um ser e não há palavra que me revelará como sou nesse instante.
É que vejo algo indecifrável nas pessoas
E isso não há foto ou vídeo que mostrará.
Os atos e caminhos que fiz são irrelevantes
não importará a ninguém aonde estudei.
Ser esquecido como muitos em vida.
Pobre Senhor Raimundo que ninguém se dá conta.
Tem que ser tanta coisa nessa vida
E fingir tanta cordialidade é o preço que pagam.
Sou uma pessoa além daquilo que escrevo.
Para o meu filho, que não existe, sou pai sem versos.

Não, meu amigo Senhor Raimundo, não é um lamento,
Muito menos revolta,
São apenas versos que tive vontade de escrever.
Se quiser rasgar após de ler, fique a vontade.
E caso deseje nem leia.



Nil Karamázovi