UM SILÊNCIO TÃO DOENTE


Num caminho sem volta
O estrondo soou
Será o fim?
Será o sino?

(...)

Os muros da caverna lameavam sangue
Morcegos não há mais
Morreram apodrecidos
Os restos humanos estorricaram à míngua
Joelho, glúteo, bíceps, língua, íngua
As baratas, tão resistentes, sucumbiram ao silêncio
Nada
Pedregulhos espinhavam nas patas dos crocodilos
Que viraram dinossauros
Que viraram os séculos
Que viraram ossadas

Mas pelo menos um sinal de som
E um rastro verde surgiu
No local tão ermo quanto a solidão
E o que começou inaudível virou ondas físicas
Viva o estrondo!
Ele soou no caminho sem volta


Danilo Meiras

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