
Francisco Buarque de Holanda é um cara que nasceu para brilhar. Pois é um gênio. Daqueles raros. Músico, letrista, escritor e produtor musical em teatro, Chico é tricolor fluminense doente. E é amigo de Cyro Monteiro, flamenguista alucinado.
Cyro Monteiro é cantor, compositor, sambista e, dizem, o maior tocador de caixinha de fósforo do mundo.
A rivalidade entre os clubes supracitados era enorme nas décadas de 60 e 70. O Fluminense sustentava a pose pó-de-arroz e criou a Máquina de 75, com Rivelino, Doval, Pintinho e Caju, entro outros. Enquanto a paixão da classe média pobre do Rio crescia inexplicavelmente pelas cores rubronegras, com as ajudas de Dida, Dequinha, Garcia e um menino chamado Zico.
A camisa do Flu apresenta as cores branca, vermelha (que na verdade é grená) e verde, na vertical, e a do Fla, vermelha e preta na horizontal.
Assim que a filha de Chico nasceu, Cyro, de sacanagem, enviou uma camisa do Flamengo para ela. Não perdendo o bom humor e aproveitando sua genialidade de ideias, Chico respondeu assim:
Ilmo. Sr. Cyro Monteiro ou Receita pra virar casaca de neném:
Amigo Cyro, eu muito te admiro
Meu chapéu te tiro muito humildemente
Minha petiz agradece a camisa que lhe deste à guisa
De gentil presente
Mas caro nêgo,
Um pano rubronegro é presente de grego e não de um bom irmão
Nós separados nas arquibancadas
Temos sidos tão chegados na desolação
Amigo velho, amei o teu conselho
Amei o teu vermelho que é de tanto ardor
Mas quis o verde que te quero verde
É bom pra quem vai ter de ser bom sofredor
Pintei de branco teu preto ficando completo o jogo de cor
Virei-lhe o listrado do peito
E nasceu desse jeito uma outra tricolor
*A Sexta de Pão contará, uma vez por mês, um causo da nossa riquíssima Música Popular Brasileira.
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