Saltos no asfalto



Eram dois bons amigos

Inseperáveis no trato

Irremediáveis de fato

Amigos que se amavam no tato

Que se amavam como amigos

Mesmo envoltos em brigas

Mesmo sem papas nas línguas

Criando e cuidando das rugas



Decidiram um dia sair

Farrear, festejar, azarar

Pensaram na boate da moda

Rumaram à base de uísque e soda

E nem sequer conversaram

Apenas, parados, escutaram

Em alto e bom som ruídos de rock'n'roll



Já era tarde da madrugada

Logo, iriam pra casa

Mas gastaram o dinheiro na noitada

Restava apenas o da passagem

Sacanagem... quase nada...

-Vamos à pé para o ponto, em breve chegaremos ao Centro!

E foram descendo à beira

E foram descendo a lenha

E foram descendo a ladeira

E foram pegos de surpresa

Pois vinha um carro à alcool

Por dentro mais álcool que carro

Por fora mais sangue que álcool

Por ora dois corpos no asfalto



Eram duas pessoas do bem

Era uma que vinha além

Já não existia ninguém

Eram duas pessoas que valiam como mil daquela com o álcool
Danilo Meiras

2 comentários:

Danilo Dan disse...

...talvez eu morra jovem
alguma curva no caminho...

Paulo César disse...

noh pesado isso...