Monólogo de um solitário


Numa época remota em amoníaco

Hidrogênio, metanol e gás carbônico

Fez do símbolo da vida um tal do químico

Tal qual célula é unibiológica


Nem no teu núcleo nem na membrana plasmática

Ou mitocôndria, cloroplasto cromossômico

Alelos múltiplos, hereditários e genéticos

Tal qual pulsátil, bulbo, rim, orelha, cérebro


Evoluiu-se a um ser meio neurótico

Nem um encéfalo ou esôfago raquítico

Aminoácidos de um códon ribossômico

Tal qual espécie da classe dos mamíferos


Da Mata Atlântica restou-se a inconsciência

Fez automóvel parecer-se com um pássaro

Calota mágica, asa, roda bem quadrática

Tal qual apótema elevado ao quatro cúbico


Tem misticismo no geógrafo erótico

Que fez do homem um heróico catedrático

Paulo Leminski, Freud, Malthus, acromáticos

Tal qual católico confundindo o céu lunático


Fez na história homicídio ao indígena

Rei, Babilônia, mar, Atlântida, Conde Drácula

De Homo sapiens ficou homozigótico

Tal qual o mínimo aspirando ser o máximo


Fisicamente, não há nada em ter equívoco

Ser erudita um ser platônico magnético

Devastador de timbre rústico até sem préstimo

Tal qual solfejo, solilóquio em meio atômico


Danilo Meiras


*A Sexta de Pão avisa: hoje o dia é de Xangai, em Xangai ou em Nanuque, BH ou Bombaim


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