A insuportável “invisibilidade” da realidade


Encontrei -me com ela descalça, a implorar por uns restos
estava velha e marcada pela dura realidade a mendigar com seus velhos trapos usados!

Encontrei novamente com ela, estava grávida nove meses embuchada
restava uma caixa de sapato para embalar o fruto do descaso!

Desci a Bahia entrei na Afonso Pena me deparei com ela, a brincar com outros de seu tipo,
transmutada em criança a fazer malabares fingi não enxerga-la.

Contorno, Andradas, Amazonas, novamente vi, agora catava pet, papelão e lata
puxando um carrinho ora um homem, ora idoso, ora mulher e menino.

Em casa dentro da segurança límpida do banheiro, bem diante do espelho,
enxerguei ela mesma estampada na minha cara, a miséria da minha tão maculada alma.

Rafael Bueno

6 comentários:

Danilo Dan disse...

...que dorme sob as luzes da avenida é odiada e ofendida pelas grandezas do Brasil....

Miro disse...

Miséria S/A.

Toni Meiras disse...

...miséria é miséria em qualquer parte...

Miro disse...

Riquezas são diferentes

Paulo César disse...

aquilo que nos esforçamos para não ver deve ser algo que esperávamos que não existisse...

O Contador de Geografias disse...

Eu tenho visto...e me incomodado bastante depois relato minha experiencia semanal em mitigar os efeitos da invisibilidade social....