
Um jornalzinho desses de 25 centavos anuncia mais um crime, a manchete está estampada com as cores rutilantes do sangue. Despretensiosamente lemos esses arautos do cotidiano torpe que cerca nossas "inocentes" vidas. Nos pontos de ônibus, metrô, filas de banco, locais de trabalho a indignação cresce, surgem defensores da pena de morte, aparecem soluções para as nossas leis a indignação aumenta.
A tiragem dessas publicações parece acompanhar o ritmo vertiginoso da escalada da criminalidade, cada semana parece estar dedicada a uma modalidade de crime, semanas atrás eram crimes passionais, diversas Eloas e vários Lindembergs ganhavam as páginas dessas publicações, outra semana eram os crimes ligados ao tráfico de drogas e assim somos bombardeados com as atrocidades dos outros, sim dos outros afinal não fazemos parte desses criminosos, ao contrário somos todas vítimas desses vagabundos.
A indignação cresce culpamos o Governo, os políticos que nada fazem, sofremos de uma amnésia crônica, já que quem elegeu os Governos e os políticos fomos nós. Basta lembrar que vários políticos ruins parecem que não foram eleitos por ninguém, pois sempre que surge a pergunta você votou em Fulanos de tal? A resposta é, "que isso você é loco nunca iria votar em tal pessoa", isso acontece muito no caso de FHC que foi presidente em dois mandatos, foi eleito e reeleito, mas quase ninguém assumiu que votou nele.
As paginas respingam sangue, lemos nos indignamos, mas ai viramos a pagina e surge o fabuloso mundo das celebridades, somos viciados em escarafunchar a vida alheia, e em meio a casos de amor entre artistas, playmates do mês e declarações sobre a opção sexual somos anestesiados pela nossa necessidade de exposição e curiosidade.
Estamos reféns, somos as vítimas? Não, nos somos cumplices, todos somos cumplices, nos indignamos sim e daí, qual a ação que surge dessa indignação e dessa revolta, qual a postura que tomo frente aos diversos problemas do mundo de agora, da realidade escancarada, da miséria que limpa meu para brisa com a água salobra do descaso, qual a ação prática diante do pequeno malabarista no sinal de transito, quem é aquela criança, quem é aquele catador de papel, quem somos nós, eu digo somos todos cumplices, o sangue que vários Lindembergs derramam, os filhos que morrem no trafico, as mortes no transito quando um babaca bebe, os vários casos de corrupção, tudo isso que tanto nos revolta, faz parte da nossa vida, Estamos até o pescoço afundados nessa rede de corrupção, somos criminosos da omissão, minha sentença a sua sentença, somos todos cumplices.
Rafael Bueno, Réu esperando a condenação ou a redenção??
4 comentários:
...a dose/preço certo para a nossa diversão...
Tá na caras, tá na capa da revista.
o pior que outros jornais foram extintos e assim perdemos alguns cronistas e notícias...A informação ficou mais banal. A tragédia não nos assusta mais, está estampada nos sinais de trânsito. E não queremos detalhes...qual é o próximo morto famoso?
o que eu mais quero dessa vida é ir prum interior e dar aulas, longe de tudo, mas perto de mim...
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