Qual é a sua?

Cada um tem a sua.

Com tamanhos, formas, cores e símbolos que possam traduzir um desejo, um grito guardado, talvez, de longa data.

Pode representar uma nação, um grupo ou uma solidão. E de fato representa. Não importando quem e quantos são. Uma bandeira erguida traduz uma crença, delimita um território, e mesmo estando ali, aparentemente, solitária e no cair de um fim de tarde de inverno ela não esta' so'.

E quanto a pessoa que segura o mastro de sua bandeira? Ela tenta deixa'-la o mais alto possível, se apoiando apenas nas pontas dos dedos dos pés num movimento de tentativa e esperança de ter conseguido gritar mais alto que sua voz.

O vento da' ainda mais força para este grito. Uma bandeira erguida e contra o vento grita ainda mais, grita tanto que aquele que a segura se esforça para que consiga mantê-la no alto.

Geralmente bandeira e' algo eterno. Suas cores, símbolos e formas não mudam. A não ser que grandes movimentos e revoluções aconteçam e ideologicamente aquele formato não sirva mais.

Se eu fosse pintar a minha bandeira, desenhá-la e mostrá-la a todos eu gastaria muito material: muito pano e muita tinta. A cada dia uma nova causa, um novo golpe de Estado, um novo sentimento surge e me proporciona uma nova perspectiva sobre as coisas. A cada dia ela reúne mais e mais trapos e se torna cada vez mais colorida e o seu significado gira, tropeça em grandes e em pequenos detalhes para continuar a girar.

E a sua bandeira? Qual e' ou, melhor, como seria?

Miro Jones

Foto: De Miro Jones em Lisboa neste Sábado 08 de Novembro de 2008. Mais de 160 mil professores da rede pública portuguesa saíram em manifesto contra a política adotada pelo atual governo sobre a educação. Este número corresponde a 80% do total de professores do país inteiro.