No barquinho de papel

Naqueles tempos em que tudo era sonho
nos dias em que só o sol era necessário
águas que rolavam pelas pedras
chuva em que remávamos no barquinho de papel

Naqueles dias em que chorava ao acaso
nos tempos em que o trovão trombeteava
rolavam lagrimas feito pedras dos morros
remar mesmo que na caravela do sonho era impossível

Naquelas primaveras em que a flor sorria
nos outonos secos em que o girassol se despia
caiam pétalas desse doloroso malmequer
abraçar era tão necessário, quanto urgente

Naqueles outonos em que tudo era árido
nas primaveras sempre vivas cobriam os campos de dourado
surgiam nuvens de borboletas por todo cerrado
te amar era tudo que bastava


Rafael Bueno - Contando as Geografias da Vida - 21/01/2013

Nenhum comentário: