Hoje eu encontrei um fragmento do que sonhei um dia em ser. Um Fragmento da realidade da qual eu me esqueci, desejo que me toca e que por não ter a sensibilidade apurada nesses dias de lutas não senti.
Foi num completo engano que encontrei o livro dos fatos 2 a segunda edição de poemas, prosas e besteiras do romântico e adormecido EU e por falar nisso por anda esse cara cheio de indignação e revolta, ternura e afeto, fantasia e loucura – não sei, talvez esteja perdido por ai em algum canto de sala, monte de capins e indicadores de gestão. O fato é que poema mesmo nessa segunda edição somente um a inspiração fugia o cotidiano surgia e o lunático poeta morria.
Juntando os cacos de lembranças e luz lembrei que desse adormecido EU um outro também ser de mim que era conhecido como um contador deve ter se encostado nos interstícios do meu inconsciente e dormido profundamente. Ele não contava historias e estórias. Contava as coisas da terra segredos e mistérios causos e silêncios, narrativas épicas sustentadas por gigantes, por onde anda O Contador de Geografias perdido nos processos da minha conturbada existência material.
Matéria que não se desmancha no ar nem se transforma mais agora nas diversas e divertidas coisas do palhaço e do menino, são as responsabilidades e as seriedades da nossa vida cumprida sem sol e cheia de números e estatísticas frias, medições da vida para comprovação existencial dos fatos e da realidade. Queria mesmo e uma boa dose de imaterialidade e zero de realidade, tangenciar o mundo espiritual e etéreo vislumbrando novamente os sonhos e reencontrar com a doce melodia da fantasia, cantando aos meus ouvidos falando de mitos, estrelas e mundos muito além desse em que me esforço por manter estruturado.
Desagregação da realidade é o que busco nesses tempos de mudanças, onde estão as gentis pessoas, onde foram os jovens e seus ideais, os pescadores e suas redes já não arrastam homens, os profetas e os videntes já não contam o futuro, as lindas sereias já não entoam cantos de encantamento. Onde estão os folclóricos habitantes do meu ser.
Rafael Bueno - O Contador de Geografias - João dos Navegantes
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