
Faz algum tempo que eu vinha me perguntando por que parei de escrever. Não no sentido da palavra escrita, mas no modo mais objetivo das ideias. Enfim, preocupei-me muito mais com os poemas.
Agora outra pergunta: por que poemas? A resposta: não sei. Todo dia leio jornais, revistas, livros didáticos e ficções científicas. Somente às vezes procuro poesia, e quase sempre pela internet. Mas vamos investigar...
A leitura de contos e prosas faz com que a mensagem seja mais claramente entendida, desde que inserida no seu contexto e recheada com informação objetiva do assunto. É uma conversa por telefone, um pedido de ajuda de um mendigo. A poesia é surreal, libertadora, alucinógena, confusa e atraente. Difícil de ser entendida não por ser subjetiva, mas por ter objetivos destoantes até mesmo do próprio autor. Poesia é uma letra de Leminski musicada por Chico na voz de Raul. Será que é por isso a minha escolha?
Outro ponto: as regras gramaticais. Prosa é tudo certo, verbo concordando com predicado, sujeito com verbo e português com língua culta. O seu lema é não desrespeitar a última Flor do Lácio, desconhecida e obscura. Na poesia há liberdade total. São emes não postos nos verbos e falta de preposições nas frases que deixam tão bela esta forma literária. O não-saber-mas-sabendo, o desleixo, a simples vontade de expressar as interrogações são um jeito moleque de apaixonar pela poesia. Será esse descompromisso o meu fator optante?
Lembrei de outra diferença, talvez o principal peso da escolha: a rima. É claro que não infiro ao ão com ão (lembrei do CPM 22) e ao ê com ê (as mais belas duplas sertanejas...), mas de rima clara e escura, fraca e forte, sutil e escrachante, boa e má e rica e pobre. A rima nas aliterações, prosopopeias, metonímias, antíteses, pleonasmos, eufemismos e poesias. A rima nas prosas se torna cacofonias, zunzunzuns de boates ou tiros de metralhadoras, totalmente ineficaz e abominável. E como sou um fã incontestável do cordelismo e de uma boa roda de viola, acho que minha vida sem a rima seria uma rima sem vida, ou melhor, rima de conto.
Enfim... epa! Acabei de escrever em prosa! Oba!
Danilo Meiras
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