Sonho de Uma Noite de Verão

Toca a campainha...
É o carteiro para entregar a encomenda...
Encomenda de que se não pedi nada...
Nada no remetente somente um carimbo de uma cidade onde poucos conhecidos residem...
Dentro do pacote uma passagem... Um convite... Uma oportunidade para se aventurar... E por alguma razão mais forte do que eu, nem penso em não ir...
No caminho penso em quem seria, porque seria e para que seria...
No fundo eu sei quem é... desejo quem seja... para que queria que eu estivesse ali...
No desembarque sinto aquele perfume que há anos atrás me fez perder o juízo...
Ao ficar frente a frente, olho no olho, me faltam as palavras...
E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa que fosse, recebo outra encomenda...
Sem saber o que dizer, abro lentamente o embrulho e quanto surpreso fico, ao ver que na caixa apenas uma bússola contém...
A explicação para tudo o que havia acontecido até ali, é sentida nas palavras:
“Isto é pra você nunca mais perder o meu caminho”...

Convido-a para um passeio, pela bela cidade que estamos a visitar...
Em passos lentos e descompromissados, aproveitamos para dizer e desdizer tudo aquilo que nos manteve afastados por todos esses anos...
Os motivos de tantos encontros e desencontros não são explicados, são compreendidos...
E no momento que a catedral parece estar abençoando aquele inexplicável encontro, eles param...
Com os olhos fixos, nos olhos um do outro, com as mãos entrelaçadas, um suspiro e aquelas palavras que poderiam modificar a vida dos dois:
Nenhuma... Nenhuma palavra... Olhares tão profundos que se precisasse dizer qualquer palavra, era porque não era para estarem juntos ali....


Paulo César Garro
Terças nem sempre insanas... acordando assustado...

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