Pedras no caminho


Um brinde as luzes dos postes que iluminam o meu caminho,
aos faróis dos carros que ofuscam a minha vista
e por causa deles eu caio,
um tombo magistral,
lindo,
tonto
e estendido
deitado no chão desse palco de asfalto
sou pisoteado,
almejado por moedas,
por injúrias,
resmungos,
chutes
e olhares de nojo.
No meu lar
eu e o meu abrigo
só eu,
só a solidão dos astros,
só a solidão dos postes,
dos carros,
dos transeuntes
que me confundem,
que me pisam,
atiram
com moedas e olhares,
e me xingam
por ser a pedra no caminho
como muitos de vários Zé ninguém.
Rolando nessa vida
as vezes paro, até o próximo chute
que me levará a um outro mesmo destino.



Nil Karamázovi

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