O sofrimento da escrita




Hoje, bem crescido e calejado, descobri o efeito perverso da escrita.

Bom era aquele tempo em que eu escrevia cartinhas para o Papai Noel, ou quando eu fazia redações na escola contando das minhas férias.



Se escrevendo a gente inventa um amor, uma dor ou um sonho, escrevendo a gente também mostra o que a gente sente na pele, o que a gente é num momento, a verdade.
Antes, o sofrimento da escrita gerava desabafo, alívio, o bota fora de uma inquietação.
Agora o sofrimento da escrita gera arrependimento. Arrependimento de publicar uma dor não inventada, mas real.
O que os outros tem com minha dor real?
Qual o interesse dos estranhos em minha dor real?
Em minhas letras tortas e meus acordes dissontantes?
E com o choro do meu violão?
O que eles tem com isso?


Hoje o sofrimento da escrita é a penas um ato doloroso.


É apenas a dor em traços e acordes.





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Hoje é segunda-feira, segundas mornas intenções.








Miro Jones

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