Marcas na guitarra (ou no violão).


Quando meu pai, por volta de 1999, me viu olhar com outros olhos para o seu violão, logo ele me alertou:
"Violão é coisa séria. A relação não é como uma panela de pressão, não.
É pra vida inteira, se quiser mesmo...trate-o como uma mulher".

Obedeci, mas obedeci tanto que meu violão se chama Maria Beatriz Dylan, ou Bia, apenas.

Quando meu pai me viu tocando várias músicas sem olhar para o caderninho de cifras, e viu que meus amigos do bairro passaram a me chamar pra festa pra cantar, meu pai avisou:

"Cuidado, violão é ingrato. Onde você vai com este instrumento existe um copo de cerveja esperando também."

Na época eu nem gostava de cerveja, e não entendia como uma pessoa poderia beber várias, várias e várias cervejas num dia apenas. Bom, lembre-se: aquilo era 1999.

Mas meu pai não me avisou uma coisa: O violão possui o poder de eternizar pessoas, momentos, e lugares.
Impossível não tocar a música 1º de julho e não recordar do meu falecido amigo de infância, que adorava essa canção e foi-se exatamente no primeiro dia de julho.
Impossível não tocar Beatles e não lembrar dos encontros "cavernistas".
Ou, tocar "poema" e não se recordar daquele caminho da Barão Homem de Melo e de toda a história da Faculdade.
"Stand by me"e uma certa noite de uma certa semana de Agosto de 2008.

Tem sido impossível tocar "O bom rapaz" e não se emocionar com a emoção do Nelson, nobre amigo de Moçambique.


De tanto eternizar as pessoas e momentos e lugares, a Bia foi eternizada pelos colegas "cá de purtugale".



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Miro Jones,

Hoje é segunda-feira, segundas mornas intenções.




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