Segunda-feira, meu time havia ganhado mais uma vez no fim de semana tudo parecia igual, indícios de que os fatos cotidianos se repetiriam. Até mesmo as notícias eram as mesmas, crise econômica, chuvas torrenciais castigando as cidades mal planejadas, os mesmos crimes, as mesmas vidas, assim sem oposto, na mais perfeita “ordem”. As coisas se repedindo na mais perfeita harmonia mantendo os mesmo estratos, a classe media reclamando do governo, os pobres perdendo tudo nas catástrofes e os ricos, estes últimos cada vez mais...ricos, lucrando com a crise, lucrando com o desemprego em massa, malditos banqueiros.
A semana que se iniciava fazia as mesmas promessas vagas e a única certeza era o continuísmo, bem que essa semana podia se candidatar a um cargo político, mentirosa e sorrateira ela iria transcorrer como todas as outras desses tempos pós-modernos. Cada um dos seus dias passariam exatamente iguais, afinal cada um deles tem seus planos específicos e imutáveis e ai de quem desafiar.
A segunda passa vagarosamente, entediante e cínica, os telejornais mostram a indignação (mosca sem asas) das pessoas frente a mais um fim de semana violento e de chuvas nesse verão sul-americano. Terça-feira é ruim porque ta bem próxima da segunda, mas com uma vantagem tem paredão no BBB (que bosta!). A quarta chega com o frescor do futebol quando seu time ganha é bom porque afinal a quinta vai ser movimentada, mas se o clube do coração perde a quinta promete ser torturante, o engraçado é que de segunda até quarta os jornais pouca novidades trazem, estão lá custando 25 centavos e vendendo mais do mesmo e consumimos vorazes, principalmente pra saber quem foi o eliminado de terça no BBB. A quinta depende da quarta quando tem o futebol, caso não tenha jogo ela serve para pouca coisa, para mim serve para postar umas subversões no blog, há havia-me esquecido é dia de prova do líder e também podemos ver os crimes que se repetiram na quarta e que provavelmente se repetirão na quinta e nós? Seguimos alheios nos arrastando pela semana, presos nas correntes da obrigação.
Finalmente a sexta chega, com promessas de diversão, festas e outros entretenimentos. Bom se o cara namora é dia de encontrar com o seu amor, mas se não ele sai a caça, afinal é dia de bebemorar e começar uma amnesia coletiva do que foi a semana. Sábado chega com a promessa de continuidade do pão e circo proposta pela sexta, dia de churras, balada, peladinhas pela manhã e azaração na noite, isso se você for solteiro. Já para os casais pode significar uma pousadinha na serra do cipo, ou uma daquelas festas de família, onde todos perguntam sobre o casório, mas de qualquer maneira a doce leveza da irresponsabilidade alienada nos acompanha, temos a doce ilusão de estarmos livres das correntes cotidianas. O domingo é o arauto da realidade, chega despretensiosamente e nos acorda do sonho de uma noite de verão, vem com seus Faustões, Silvios e Jornais Fantásticos, mostrando, dando dicas, ensinado a lidar com as contas, adestrando e denunciando. Para mais uma vez acordarmos na segunda e repetir semana pós semana a ilusão de nossas vidas.
Alguns tentam escapar em estórias que inventam para suportar o peso da mesmice, outros tecem bandeiras com poesias, trapos da beleza a muito perdida, eu sigo carregando em meu coração o estandarte da arte e o doce sentimento de uma almejada revolução, tenho feito pouco, mas tenho feito, mesmo que esteja mergulhado nesse mar e sendo levado pela onda, afinal como dize em terra de fugitivos aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo. A fantasia é meu refúgio e a realidade minha prisão.
Rafael Bueno
2 comentários:
Todo dia ela faz tudo sempre igual...
amar e mudar as coisas me interessam mais...
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